Eu não te entendo mais a distância já nos destraduziu tua língua já não me é nativa teu abraço já não me envolve O frio impera o toque que poderia aquecer simplesmente não pode ser É um caminho novo daqueles que a gente anda cuidando cada passo pra não cair Se nem (noss)os dias de sol podem ser quentes nos resta esse inverno de abandono
Ela está imersa Passa devagar a tampa da caneta nos lábios O corpo inteiro ajuda naquele movimento contínuo repetitivo incansável Seria um atentado quebrar esse momento
É, em todos os sentidos, mover-se para outro ritmo. Não fugir do cotidiano, mas apenas ignorá-lo. Quando eu voltar pra casa espero encontrar a rotina dormindo, desmoralizada.
A escolha é a menor parcela divisível do amor. Consiste nisso a irracionalidade do amor cego, pois quando alguém está apaixonado, deixa de considerar a importância das demais opções por só ter olhos a(o) amada(o). Por outro lado, a não-escolha é a menor parcela da indiferença, que é o contrário do amor (e não o ódio, como o senso comum prega). Invariavelmente, uma escolha gera consequências. Ninguém se livra disso e nem das interpretações diferentes de cada pessoa, de cada um dos lados da escolha.
Isso sempre volta. Esse ar de inacabado. De embrulhar o estômago. Daí a vida empurra mais uma dose goela abaixo. A gente toma. Fazer o que? Nossa trilha em comum, eu quebro com o fone de ouvido. Emudeça!
bem-querer bem-estar querer estar bem do teu lado não é sobre estar porque estar é pleno cheio completo é sobre não-estar quando estar é sonho vazio metade
Daqui há pouco, vou pra fora inaugurar um novo lugar dentro de mim. Estou pronto, me dei conta agora que meu corpo se prepara há dias, como se já soubesse. Ou sabia? Se sabia, porque não me disse?
A verdade é que ninguém quer saber. Ninguém liga para as coisas dos outros. Cada pessoa é um mundo de possibilidades engolidas pelo próprio umbigo. Um umbigo negro.
Ela vai voltar e eu não escrevi nenhuma carta. Não sinto nenhum cheiro de urgência no ar. As coisas já se dividiram, se separaram. Jã não faz mais sentido pra mim. Talvez tenha sido trabalho da minha cabeça, que o melhor que faz é esquecer.
Eu podia ter saído mais cedo. E ela também. Preferimos ficar. E assim foi. Sem combinações ou antecipações, ser por ser. É fácil te falar e ouvir. A noite passou e conforme estrávamos um no outro, perdíamos o caminho de volta. Não há volta. Há o próximo passo. Na mesma direção ou não. Por outro lado, éramos dois conversando em meio a multidão. E só isso.
Bom mesmo é quando isso mexe com a gente. Eram preconceitos até agora a pouco. Tem uma arte oculta nisso tudo. Como se fosse uma música que conduz a conversa e o raciocínio. Tem um treino, um jogo de equipe também. O pensamento começa de um lado e acaba no outro, já alterado. Próxima fase. Sem vergonha de arriscar. É tanta certeza que nem dá pra desconfiar do improvável. Assim se deixa o ambiente.
O cara da poltrona de trás deve estar de saco cheio das nossas divagações e a menina do lado comenta que algum bicho me mordeu. E foi. É o processo.